Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
20 de Abril de 2024

Candidato de pele branca e olhos verdes volta a ser aprovado por cotas em concurso do Itamaraty

Mathias Abramovic, que causou polêmica em 2013 ao se declarar negro no concurso, passou na primeira fase

há 9 anos

Candidato de pele branca e olhos verdes volta a ser aprovado por cotas em concurso do Itamaraty No auge da polêmica por ser aprovado por cota racial na primeira fase do concurso do Itamaraty, Mathias Abramovic, o candidato de pelé branca e olhos verdes, concedeu uma entrevista ao GLOBO em 2013. Perguntado se insistiria na estratégia caso não passasse, ele respondeu: “por enquanto, não tenho previsão de desistência”. Quase dois anos depois, seu nome está novamente entre os candidatos que se declararam pretos ou pardos aprovados na primeira fase do mesmo concurso. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira, no Diário Oficial da União.

O resultado final na primeira fase e convocação para a segunda fase traz os 60 primeiros candidatos que se declararam pretos ou pardos e mostra a nota obtida pelo participante. Abramovic tirou 46,5, ou seja, 0,5 ponto abaixo da nota de corte na ampla concorrência. O GLOBO entrou em contato com a família do rapaz, mas não obteve resposta.

Desde 2011, quando o Itamaraty instituiu cotas para afrodescendentes como benefício na primeira fase do concurso, Abramovic opta pela autodeclaração. Na edição de 2013, ele passou nas duas primeiras fases do concurso. Na ocasião, a política de cotas era válida apenas para a primeira fase, na qual somente as 100 maiores notas eram classificadas para a segunda etapa. Esta é a primeira edição cuja reserva será adotada em todas as fases do concurso, em função da lei de 2014 que prevê cota de 20% das vagas em concursos públicos federais a candidatos autodeclarados negros ou pardos.

O processo seletivo deste ano oferece 30 vagas, sendo seis para negros e pardos. Ao todo, são 5.271 candidatos na ampla concorrência e 671 para as vagas de afrodescendentes. Também há 61 vagas reservadas a portadores de deficiência. O resultado final deve ser divulgado em dezembro, ao fim de quatro etapas. O salário inicial é de R$ 15.005,26.

Abramovic é morador da Zona Sul do Rio e ex-aluno do Colégio Santo Agostinho do Leblon, um dos mais tradicionais do Rio. Ele também é formado em Medicina pela Uerj em 2003. Na entrevista ao GLOBO, ele afirmou que se enquadrava na política de cotas no aspecto legal e moral, justificando que na árvore genealógica de sua família havia avós e bisavó negros.

- Desde bem pequeno, minha família, minha mãe, meu pai sempre frisaram nossa origem multiétnica. Minha mãe, especificamente, sempre falava que a gente tem negro, índio... Ela mesma é nordestina, vinda do interior do Piauí. Veio para ca quando criança com o resto da família. Meu pai também tem origens variadas. Uma bisavó por parte do meu pai é negra. Por parte da minha mãe, tenho avós pardos - disse. - Meu sobrenome não deixa esconder que tem uma origem judaica também. Então, eu sou de repente uma concentração de minorias. Negro com ascendência negra, indígena, nordestina e judaica.

Na mesma época, sua mãe, Odalia de Souza Lima Abramovic, se pronunciou por meio de e-mail. Ela disse que é nordestinda de Teresina, no Piauí, e descreveu a genealogia de sua família.

ONG VAI ACIONAR PROCURADORIA

O diretor da ONG Educafro, Frei David Santos, acompanha a situação desde 2013 e disse que hoje mesmo a entidade vai pedir uma audiência com a procuradora da República, Ana Carolina Alves Araújo Roman, que aceitou a representação da comunidade negra sobre a falta de critério do Itamaraty em sua política de cotas.

- Vou fazer essa audiência de qualquer jeito. Se o Itamaraty não aceita ter como postura um serviço público responsável e insiste em deixar que qualquer branco passe por cotas, vamos ter que abrir um processo por improbidade administrativa - disse.

Ele lembra que o Superior Tribunal Federal já garantiu que é plenamente constitucional a autodeclaração seguida de comissão para averiguar a autenticidade do que foi informado.

- Sabemos que o direito administrativo do Itamaraty tem conferido de maneira radical documentos, como certificados de conclusão de curso, para barrar qualquer fraude. Por que esse mesmo direito administrativo é relapso quando o direito constitucional fala que tem que ser colocada em prática a autodeclaração seguida de averiguação? - questiona. - E se administração pública deixa um branco de olhos verdes assumir o cargo de embaixador dessa forma, está corroendo a ética na sociedade brasileira.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o Itamaraty informou que o concurso não tem como desobedecer a lei que define a autodeclaração como critério de inscrição às vagas reservadas.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/candidato-de-pelé-branca-olhos-verdes-volta-ser-aprovado-por-cotas-em-concurso-do-itamaraty-17282261#ixzz3jloDptFZ

  • Publicações462
  • Seguidores769
Detalhes da publicação
  • Tipo do documentoNotícia
  • Visualizações2230
De onde vêm as informações do Jusbrasil?
Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/candidato-de-pele-branca-e-olhos-verdes-volta-a-ser-aprovado-por-cotas-em-concurso-do-itamaraty/222943828

Informações relacionadas

Camila Vaz, Advogado
Notíciashá 9 anos

Médico branco se diz cotista em concurso no Itamaraty

Tribunal Regional Federal da 3ª Região
Jurisprudênciahá 2 anos

Tribunal Regional Federal da 3ª Região TRF-3 - APELAÇÃO CÍVEL: ApCiv XXXXX-60.2016.4.03.6000 MS

Tribunal Regional Federal da 1ª Região
Jurisprudênciaano passado

Tribunal Regional Federal da 1ª Região TRF-1 - APELAÇÃO CIVEL: AC XXXXX-92.2022.4.01.3400

Tribunal Regional Federal da 5ª Região
Jurisprudênciahá 2 anos

Tribunal Regional Federal da 5ª Região TRF-5 - APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA: ApelRemNec XXXXX-51.2020.4.05.8300

Além de salário acima do teto, diplomatas no exterior pagam só 9% de Imposto de Renda

48 Comentários

Faça um comentário construtivo para esse documento.

Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)

Ao invés de quererem punir o rapaz deveriam punir aqueles que criaram o sistema de cotas para compensar o que criminosamente deixam de investir no ensino público.

Vamos acabar com essa hipocrisia ... sou pardo e apoio esse rapaz ... quero educação de qualidade e não esmola ... quero concorrer de igual para igual e não entrar pela janela. continuar lendo

Concordo com você, quem deve ser punido são as pessoas que inventaram o sistema de cotas. Sou brasileira e minha família tem a graça da mistura, portanto posso declarar a cor que eu quiser. Em minha árvore genealógica tem todas as nuances de cores, cheiros e sabores. Afinal sou brasileira. continuar lendo

assino embaixo, Lover. Isto de cota é bem preconceituoso. continuar lendo

Pense numa pessoa obstinada e determinada é este candidato!
Inovando e fazendo o país rever certos aspectos no que tange à cota raciais.
Matéria perfeita! continuar lendo

Também achei.
E ainda fez cair a máscara do Frei David, o grande racista negro (que duvido seja 100%)
Escolheram o critério de autodeclaração, pq do contrário teriam que escolher o teste genético, tendo que fazer escalas de pureza negra e branca.
Torço pra viver essa injustiça em forma de política dilatória extinta, para não ter que ver um negro como um cidadão diferente de mim. continuar lendo

Val Rios
O Frei David Santos se caracteriza por ser racista a partir do momento em que julga os afrodescendentes, todos, como portadores de inteligência inferior a das demais raças e os expõe ao vexame de esmolar por algo que seriam incapazes de conseguir de maneira justa. continuar lendo

Cotas Raciais são um absurdo jurídico e político.
Toda ação afirmativa (chamada discriminação positiva) visa combater a causa da discriminação (negativa), no sentido de promover a igualdade material, em observância ao princípio da igualdade, mormente no aspecto de tratar desigualmente os desiguais.
Uma gestante faz jus ao tratamento diferenciado em razão de sua condição física vulnerável e de cuidados especiais. O mesmo ocorre com idosos e deficientes. A ação afirmativa vai (ou deveria) incidir sobre uma desvantagem inerente à uma condição.
Quando se pensa em cotas sociais (fator econômico), é possível claramente identificar a situação onde aqueles que possuem menos recursos para financiar seus estudos estarão em desvantagem em relação àqueles que possuem mais recursos financeiros, muito embora venham a disputar as mesmas vagas em vestibulares e concursos públicos. As condições, portanto, são desiguais.
Com a cor nada disso ocorre. A cor negra não traz qualquer desvantagem intrínseca, pois a aptidão física média do negro é igual a do branco, e sua capacidade cognitiva média também é igual. Poderia se pensar que negros tem menos oportunidades porque a sociedade lhe priva das mesmas. Mas este tipo de privação certamente não ocorre em escolas públicas, vestibulares públicos e concursos públicos. Ninguém é privado de uma vaga num certame público em razão da cor. Esta, por sua vez, não traz uma dificuldade intrínseca à aprovação no concurso. Se ocorresse em escolas, empresas e instituições particulares, por razões relativas a cor da pelé, até se poderia pensar em algum tipo de ação afirmativa voltada PARA ONDE EXISTE a discriminação. Não se pode afirmar que as dificuldades e desafios - reais, vale frisar - enfrentados pelos negros na sociedade são uma decorrência lógica de sua cor, e não de um processo histórico muito mais relacionado ao estigma da escravidão do que propriamente com a cor. A escravidão, na história, não vitimou apenas negros. No Brasil mesmo vitimou os índios. Na África, negros escravizavam negros. Nas Cruzadas, negros escravizaram europeus (brancos). Em muitas épocas, brancos escravizaram brancos.
Mirar ações voltadas para a cor da pelé é mirar no estereótipo do problema, na sua máscara, e não no problema.
Ademais, ações afirmativas deveriam ser o último recurso, depois de esgotadas todas as formas de combater a discriminação, sem sucesso. E o pior é que tais ações têm sido estabelecidas à revelia da vontade popular, com amparo em ideologias questionáveis e que não poderiam ser impostas goela abaixo da sociedade. Muitas vezes sequer amparadas em lei, como estabeleceu o CNJ.
E o pior de tudo é que os negros mais beneficiados com essas cotas não serão aqueles que enfrentam maiores dificuldades na sociedade, mas sim aqueles que já estão bem estabelecidos, que estudaram em boas escolas, que possuem recursos para financiar seus estudos. Os negros realmente carentes continuarão carentes, adicionando-se ao seu histórico de estigma social um estigma racial antes inexistente, fomentado pelos defensores dos "conflitos de classe". continuar lendo

Idem, e acrescento que na minha humilde opinião se for pra ter cotas, que leve em conta não só a cor, mas a renda familiar, tal como o PROUNI, porque o branco pobre enfrenta mais dificuldades do que o negro rico, especialmente em relação a concurso público não há nenhuma discriminação em relação a cor de pelé, o que é avaliado é o conhecimento, quer brancos, quer negros, todos são avaliados igualmente, não havendo o porquê de ter cotas. continuar lendo

Não deveria ter cota nenhuma, mas sim um ensino de qualidade.
E digo mais, quem usou do ensino público a vida toda, principalmente nos cursos superiores, teria que trabalhar para a sociedade e pagar essa dívida!
Se a faculdade durou 5 anos, que pague em 05 anos, no mínimo, o dinheiro investido.
Assim, quem tem $$$, não iria para universidade pública, faria a particular, sem contraprestação. continuar lendo

Então porquê que após a Lei Áurea, os negros não tiveram os mesmos privilégios que os imigrantes italianos, japoneses e outros que chegaram no Brasil? Tendo direito a salários, a adquirirem propriedades e etc. Te digo por quê: por causa da cor da pelé. continuar lendo

Parabéns ao candidato.
Fosse eu participante de algum teste de seleção para qualquer fim, e faria a mesma coisa.
Essas tais cotas são o resultado do discurso do "nós e eles".
Pena que existam pessoas que achem justiçamento em besteiras legais como essa Lei, e sirvam de massa de manobra para a "quadrilha organizada". continuar lendo